quarta-feira, 22 de abril de 2009

Conto - A busca pela felicidade



Busca pela Felicidade

Tinha acabado de sair da casa. Olhou para trás e viu tudo o que tinha vivido como um flash:

-A expulsão do palácio do imperador, em São Paulo, a ponta pés por ter beijado a filha do imperador. Caroline, a mulher mais bela e educada do mundo, seu amor eterno.

-A fuga para a Europa, por medo de o imperador mandar as tropas do exército nacional à procura dele. A Europa era o único lugar para onde Carlos poderia fugir. No palácio do imperador só se ensinava línguas européias.

- O naufrágio. Por sorte, a um quilômetro do porto de Portugal.

- A sua caminhada pela Europa a pé.

- A surra que levou de um grupo e assaltantes na divisa entre Portugal e Espanha.

- O encontro com o rei da Alemanha, e este o recebeu, acolheu-lhe e tratou com muito respeito e dignidade, por seu inquilino ser um filho do homem de confiança do imperador brasileiro.

- O rei da Alemanha lhe deu dois bilhões de Terrãns, moeda internacional, para voltar ao Brasil e esperar um momento de declínio do império brasileiro, e depois comprar a sua amada. O rei era esperto e sabia que todos os líderes da época se interessavam mais pelo dinheiro, poder do que pelos laços familiares. Ainda deu-lhe cinco burros para carregar o dinheiro, porque com estes animais Carlos não chamaria atenção de ladrões.

- Voltando a Portugal, no meio do caminho encontra um pântano onde ficaram três burros. E sobraram-lhe apenas dois quintos do dinheiro do rei.

- No alto mar, o navio onde Carlos estava foi abordado por piratas, que tinha barcos mais evoluídos, possivelmente roubado dos ingleses. E se foram os dois burros que ficaram.

- A uns 45 quilômetros do costa do Rio de Janeiro ele viu um dos burros nadando em meio ao Oceano Atlântico. E recuperando este, voltava um pouco da esperança, que tinha perdido com os piratas.

- Ao chegar ao porto do Rio, pois tinha muito medo de ir a São Paulo, viu que a guarda, após um ano, ainda o procurava.

-E montado em seu pequeno burrico foi procurar alguém, um escravo de preferência, para lhe contar o que havia ocorrido no tempo que estava fora.

-Encontrando um cidadão, recebeu a notícia que o país deixou de ser império e passou a república, Depois perguntou sobre a família real. E soube que esta foi para Portugal, ameaçada pela força militar. E que a guarda no porto não era por Carlos e sim, por caso da família real, que não era mais real.

- Feliz e ao mesmo tempo triste por saber que Caroline estava mais fácil de ser alcançada, porque o imperador perdeu seu poder, e mais longe de ser obtida em seus braços, por está em Portugal.

- Com os poucos Terrãns lhe restavam, por causa das viagens, conseguiu voltar a Portugal e começar mais uma etapa da busca por sua felicidade.

-Procurou informações sobre Caroline e descobriu que todos da família real foram mortos. Portugueses violentos, com a única vontade de fazer o mal, cometeram uma ação que acabou com a vida de Carlos.

- Seu mundo caiu... Tanta busca para encontrá-la morta, por miseráveis portugueses. Era melhor nem saber desta notícia.

-Decidiu procurar o túmulo da sua amada. Chegando ao cemitério português de Lisboa, viu a placa de pedra com o nome de Caroline. De repente foi cercado por velhinhas. Ele e seu burro caíram e levantaram-se, as velhinhas os obrigaram a segui-las. Ele fez perguntas, mas elas não responderam. Disseram apenas que era importante, muito mais do que ele poderia imaginar.

-Foi então que ele se lembrou de uma aula de Filosofia. O professor lhe disse que quando se está perto de morrer a vida lhe passa toda na cabeça. E foi isso o que começou a acontecer. Lembrou-se da infância, adolescência, juventude, o beijo de Caroline... Adormeceu.

- Acordou. Viu-se dentro de um casebre de um cômodo, nada confortável. Levantou e direcionou-se a porta. E decidiu lembrar-se do que tinha acontecido antes de chegar ali. E o resto da vida passou-lhe pela mente. Mas nada aconteceu. Não morreu, e viu que a vida tinha surpresas guardadas para ele.

Quando voltou a si, a viu estendendo roupas, junto com as velhinhas. Caroline tinha sobrevivido. Mas não era possível, ele ainda tinha visto a placa no cemitério com seu nome. Limpou a vista e viu, era ela.

Agora entendia tudo as velhinhas estavam a serviço de Caroline. Fingiu que estava morta para os lusitanos não a procurassem mais.

Foi ao seu encontro. Mas há algo errado, Caroline já não tinha sua beleza. A sua formosura deixou de existir. Ela o abraçou e beijou, mas ele estava frio, parte do seu amor acabou junto com a beleza dela. Depois de tanto a procurar, jamais pensou em rejeitá-la, como fazia agora. O seu paraíso deixou de existir. Foi então que ele percebeu. Quando se lembrou do filme da sua vida que passou em sua mente. Realmente este significava a chegada da morte, sua razão de viver deixou de existir.

Ele morreu por dentro. Sua amada perdeu sua formosura mesmo assim procurou amor ou outro sentimento dentro de si, que não fosse o repúdio. Não encontrou. Saiu deixou-a. Procurou o litoral. Entrou no mar e foi procurar uma coisa que não sabia o quê.

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